Estou crescendo… O que já consigo fazer sozinho?
Autonomia é “aquela capacidade e sensação poderosa de fazer escolhas. É também aceitar seus próprios limites e reconhecer que, não raro, as escolhas podem estar erradas.” (Revista Veja)
A autonomia é um processo que permite à criança diminuir proporcionalmente a dependência do adulto e, em contrapartida, obter uma maior segurança em si mesma.
À medida que a criança adquire capacidades que lhe permitem um controle motor e verbal mais eficaz, verifica-se, da sua parte, uma crescente disponibilidade para explorar, descobrir e comunicar-se com o mundo ao seu redor, momento em que o termo autonomia ganha maior espaço em sua vida.
O papel dos adultos, na construção da autonomia dos seus filhos, é fundamental e influencia, de modo marcante, a forma como a criança ultrapassa os diferentes desafios com que se depara à medida que cresce. Aos pais, cabe a função de promover um nível equilibrado de autonomia e este equilíbrio centra-se em dois pólos:
- Autonomia em excesso: os pais deixam a criança explorar por sua iniciativa, sem limites concretos e orientadores para com sua ação. Além das dificuldades da criança em se socializar, em compreender o que pode ou não realizar, pode gerar sentimentos de ansiedade, insegurança, não se sentindo protegida e acompanhada pelos adultos de referência.
- Autonomia em déficit: os pais e adultos de referência adotam comportamentos de superproteção, em que a criança não é estimulada a experimentar e a explorar. Os pais superprotetores são inseguros e ansiosos. Temem que seus filhos deixem de amá-los, esforçam-se para não fracassar em sua educação e têm pavor de ser julgados por parentes e amigos. Tudo somado excedem-se na ânsia de acertar sempre.
Os males que o excesso faz: A criança superprotegida tende a ser…
Medrosa: Fica restrita a um mundo sem desafios, riscos e perigos. Com frequência, tem receio de se machucar, de dormir sozinha, de experimentar coisas novas. Isso pode afetar, inclusive, a sua habilidade motora.
Manhosa: No convívio com a família, ela se acostuma a ser o centro das atenções. Longe dos pais, mostra-se birrenta e não aceita ser contrariada.
Insegura: A supervisão constante dos pais faz com que ela não conheça seus próprios limites e habilidades. Quando realiza tarefas ou toma atitudes sem a presença e a aprovação deles, demonstra insegurança e indecisão.
Dependente: Por ser privada de situações inesperadas, não aprende a lidar com imprevistos nem a resolver problemas.
Impaciente: Ao ser prontamente atendida por seus pais, ela espera satisfação imediata de seus desejos e necessidades.
E pode se tornar um adulto…
Egoísta: ao crescer sem saber negociar, não aceita dividir.
Individualista: Como cresceu sem limites, não aprendeu a se colocar no lugar do outro nem a pensar no grupo.
Com dificuldade de relacionamento: Acostumado com os pais fazendo todas as suas vontades de imediato, não sabe ceder nem colaborar. Em geral, é um adulto genioso, com o perfil do tipo “dono do mundo”.
Com dificuldade para fazer escolhas: Como cresceu sem abrir mão do que queria, o superprotegido vê cada escolha como uma perda, e não como um novo passo.
Fonte: Revista Veja
Ideias para estimular a autonomia:
- Criar situações que promovam a autonomia, que proporcionem à criança escolher, ponderar diferentes perspectivas, experimentar o sucesso e o insucesso nas mesmas. Elas pedem orientação, e não uma autoridade máxima. Ao permitir a possibilidade de escolha a uma criança, transmitimos que “confiamos em ti”, que sabemos que poderá ser bem sucedida e que, mesmo errando, poderá aprender e ultrapassar as dificuldades;
- Escutar. Ela possui um tempo próprio para organizar o seu pensamento, e convém que o adulto não antecipe as suas ideias, mas sim lhe dê tempo para que as finalize;
- Promover um espaço aberto ao diálogo, à troca de ideias e ao entendimento;
- Permitir que a criança erre sem julgamentos, sem críticas;
- Evitar realizar ações pela criança. A autonomia deve ser conquistada por ela própria, e promovida pelos pais;
- Adaptar as possibilidades de tomada de decisão de acordo com a idade e maturidade da criança;
- Incentivar os pequenos passos na direção correta, pois a criança necessita se sentir capaz, e só se sente quando obtém sucesso nas suas investidas.
“Uma criança não é um projeto, um troféu ou um pedaço de argila que se pode moldar como uma obra de arte. Só vai prosperar como pessoa se tiver permissão para ser protagonista de sua própria vida.” (Carl Honoré)
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